terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rumo à Maceió


Na saída, sexta ao meio dia, passamos na Bahia Marina, para abastecer o diesel, já que teríamos pela frente uma perna de 268 milhas (aproximadamente 500 Km; 53 horas de navegação).

A infra estrutura da marina é de primeiro mundo.

O Firulete está pronto.
Depois de um repouso de 21 dias.
Mas não deve estar fora de forma.

Na saída, já de cara, o vento mostra sua força.
A proa sobe na ondulação, e ao descer, enterra n'água.

Ao passar do farol da barra, o mar aberto é o prenúncio do que vamos enfrentar.
No baixio de Santo Antônio, em frente a praia da Barra, ondas quebrando nos obrigavam a surfar e cuidar para não atravessar o barco.

Observem aqui o tamanho da onda que se aproxima (3 a 4 metros).
A flotilha que era de 12 barcos, foi desistindo e voltando para Salvador.
Íamos acompanhando as desistências pelo rádio vhf, e resolvemos se se pelo menos um outro barco seguisse, nós iríamos, pois tinhamos uma tripulação forte e eficiente e um barco valente.
Dito e feito, nós e o Thalassa (o barco para onde passou o nosso tripulante-cozinheiro-músico Augustinho) resolvemos seguir.
A partir daí, entramos numa noite de ventos fortes, com rajadas de até 33 nós (quase 50 km/hora) vindo de través, em completa escuridão e chuva constante.
O Thalassa fez uma rota mais próxima de terra, e nós optamos por ir mais por fora, de forma que perdemos contato.
No sábado, as condições de vento e mar permaneceram,
Foram 35 horas de atenção, tensão, sem foto nem refeição.
O Cesar preparou uma refeição relâmpago, cozinhou 6 ovos, mas para isto quebrou mais dois, tais eram as condições de equilíbrio no interioir da cabine.
O Rodrigo, então no leme, comeu seus dois ovos inteiros, dados na boca, pois não podia tirar as mãos do leme, nem os olhos do mar, da onda, da bússula, da biruta (no topo do mastro).
Foi uma provação, mas atingimos a marca de 120 milhas de singradura (distância percorrida em 24 horas)

No domingo o vento amenizou um pouco.
Estávamos em alto mar, numa profundidade de 2.400 metros, e uma água de um azul intenso e especial, só possível nestas profundidades.
O sol predominou, e a chuva só nos pirajás (núvens rápidas de chuva, muito comum por aqui).

Mesmo assim, nas rajadas o vento chegava nos 25 nós, e o barco adernava bastante.

Depois de tanto tempo no porto, a tripulação estava em extase com a velejada + radical.

Fomos visitados por golfinhos...

...que nos acompanharam por um tempo.

Enfim, Maceió na nossa proa.

Rumamos para o nosso abrigo, ao lado do porto, na Federação de Vela e Motor de Maceió...

... onde ancoramos, num lugar muito abrigado, depois de 50,5 horas de navegação.
Exaustos, mas com uma gostosa sensação de ter conseguido um grande feito.
Muita coisa molhada dentro do barco...
...algumas dores pelo corpo, das batidas e do esforço...
...alguns pequenos consertos...
...mas tudo, inclusive Maceió, vai esperar o merecido descanso.

Norberto.

5 comentários:

  1. Vcs querem é aventura né!? Cuidem-se.. BJO

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  2. Até que enfim uma adrenalinazinha!!!
    Essa eu queria esta junto...
    Abraço

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  3. E ai Noberto muito bacana essa sua viagem. Eu e a Clarissa tivemos ai em Maceió no feriadão, até procuramos para ver se vcs já não estavam por ai. O lugar é muito bacana. Vale a pena ficar uns dias e conhecer a região.
    abraço
    Rafael Zaniboni Alves

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  4. Norberto, afastada por mais uma internção hospitalar do vô, acabo de ler este relato com a ansiedade de quem está numa montanha russa de 90º de inclinação. Só ao final me lembrei que tudo já tinha passado e que minha tensão não se justificava. Pois não é que acabo de ver o recado do Jê? Concluo que boa parte da família, quase que frequentemente, É MALUUUUUCAAAAAAA. rsrsrsrs
    Torço para que a pernada até Recife, se não contrariar o Jê, que ao menos seja segura. Que Cesar se recupere legal. Bons ventos. Bjão
    Sandra Mara

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  5. É REALMENTE UMA AVENTURA MUITO INTENSA ESTA PERNA AI MAIS QUE BOM E AINDABEM QUE O FIRULETE É VALENTE, BOA VIAGEM DE RETORNO!!!

    FABRICIO KUSMIN ALVES

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