domingo, 23 de dezembro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 5 - Só em Trinidad

Duas semanas em que aproveitei para resolver uma série de demandas do barco.

O Firulete está numa poita alugada, na frente das marinas de Chaguaramas, onde se concentram perto de 1.000 veleiros, a maioria em manutenção ou a espera dos seus donos. Este é o lugar que melhor infraestrutura tem de serviços náuticos e para cá vem a maioria dos barcos que fogem da temporada dos furacões. São barcos de todo o mundo e a partir de dezembro começam a retomar seus rumos.

 
 
Ao meu lado, alguns barcos exóticos. Neste último, que parece um barco cigano, tem um papagaio na gaiola, que fala o dia todo, e 3 cachorros, sendo que um escolheu o alto do painel solar como seu posto de vigia.

Neste tempo que fiquei só, cumpri um lista de afazeres onde a cada dia surgia mais algum.
Eu e Miguel (do Odin's) aproveitamos as duas boas lojas náuticas daqui para fazer algumas aquisições.

Percorremos as várias oficinas de manutenção, que dão suporte para este mundo náutico daqui. Na foto estou com o José (pai do Marco, do catamarã Delphis)...

que eu procurava acompanhar, para pegar carona no seu bom inglês. Ele também esta em fase de manutenção do barco.

A novidade são os dessalinizadores, que produzem água potável a partir da água do mar. Para o Firulete são proibitivos, pelo alto custo (R$8mil) e pelo consumo de energia, mas é uma tecnogia que está cada vez mais acessível e eficiente.

No restaurante da marina, todos se encontram e o papo é um só, manutenção.

A Marina (Delphis) se tornou minha amiga e com ela mato saudades dos meus netos.

No Odin's nos reunimos a noite,...

e no Delphis tivemos uma confraternização de brasileiros que reuniu gente de 6 barcos.

 
Registro mais alguns barcos que me chamam atenção, alguns pela elegância, outros pela bagunça de quem mora a muito tempo no mar. Este último é de um sul africano que conheci em 2010, em Salvador. Havia acabado de cruzar o atântico e ia para o sul. Passou por Floripa e esteve com Cesar, meu irmão. Deceu até Buenos Aires e tronou a subir.

Aqui, um pequeno troller, que só anda a motor, mas tenho os visto como uma alternativa para quando, na velhice, faltar forças para manejar as velas.

Na lavanderia da marina, uma pequena biblioteca de livros doados pelos viajantes...

onde encontrei um clássico, e em português.

Na lista das tarefas: Retirada das baterias de serviço, ...

que alimentam o barco, para uma injeção de carga. No teste se mostraram já cansadas e acho que vou te-las de trocar, antes da travessia do atlântico norte;

troquei o fogão, que já estava enferrujando, por um francês, todo em inox;

comprei um novo toldo, com proteção UV, para o convés;

tive que mandar fazer uma nova base, de alumínio, para o piloto automático, pois a de nailon quebrou;

instalei o registro de entrada do vaso sanitário, para fora do armário, para tornar-se mais prático o seu uso;

renovei o verniz dos bancos de popa, que são em freijó;

e dei uma geral no motor diesel, onde troquei óleo do carter, da transmissão, a água da refrigeração e o rotor da bomba d'água. Este motor tem sido valente e nunca me deixou na mão na hora do enrosco. Preciso trata-lo com carinho.

O Odin's também passa pela mesma. Aqui Miguel (com 62 anos) está na ponta do mastro (15mts),...

trocando a lâmpada de tope.

No dia 19, aniverssário do Fernando, com champanhe francesa e tudo.
Fernando, depois de 3 meses a bordo (desde Recife), volta para a Argentina, deixando Miguel novamente solo.

E como estou em um meio de constantes chegadas e partidas, chegou o Bar a Vento, do Alípio e Gil, de Natal, onde estivemos juntos. Passaram por Fortaleza, Ilhas de Lençois e Islas du Salut.
Estão tambem subindo o Caribe e devemos nos encontrar em Sam Martin, para a travessia Açores, em maio.

Como aqui embarco Renise e Jerônimo, descobri na última hora, que teria de fazer um documento de comunicação do seu embarque a bordo, na imigração, e remeter a eles, via e-mail, para poderem embarcar em São Paulo e desembarcar em Trinidad, sem a passagem comprada de volta.
O Marcelo (BH), do Harmony, que foi quem me deu a dica, me ajudou a conseguir o documento, pois é bastante burocrático e com o meu inglês 10% não conseguiria.

Desculpem meus seguidores do blog, mas nesta esta etapa não vivenciei nada de paisagens ou passagens interessantes, e o que tinha para apresentar foram registros de uma rotina sem graça, mas que é parte importante desta vida de navegador.
A próxima será mais interessante, assim espero.






domingo, 9 de dezembro de 2012

Projeto Volta Atlantico - etapa 4d - +Grenadines e Trinidad

Fizemos esta etapa com a espectativa de estarmos indo para um dos melhores points do Caribe.

Numa motorada de 7 milhas apenas, chegamos a Tobago Cays.

Um compléxo de pequenas ilhas e recifes, onde sempre, muitos barcos estão disputando as vagas de ancoragem.

Tivemos sorte e conseguimos um poita abrigada no revés de uma pequena ilha. Aqui se paga uma taxa de meio-ambiente, tipo o nosso ICM-Bio no Brasil, de EC$10,00 por tripulante/dia, que corresponde a R$8,00.

Logo fomos cercados por vendedores ambulantes, digo navegantes, de quem compramos baguete francês, bolo de banana, cigarro e uma camiseta com a mensagem: Navegue mais e Trabalhe menos.

Caímos logo n´água. Cristalina a ponto de vermos o fundo a 7 metros de profundidade e numa temperatura muito agradável.

Os deslocamentos para os pontos de mergulho são feitos com o dingue.

Optamos por mergulhar na ponta de nossa ilha em frente, numa pequena praia com um banco de recifes de profundidade variando entre 1 a 5 metros. Ali vimos um enorme cardumes de pequenos peixes com seus predadores atacando, tartarugas, uma arraia de uns 80 cm de diâmetro, que nos seguia, se mantendo sempre embaixo de nós e muito próxima - chegou a assustar, devido a seu enorme esporão sobre a cauda - e muitas e grandes estrelas do mar.

Depois do almoço, uma boa sesta para recuperar do mergulho, e voltamos até a pequena ilha para fazer umas fotos.
 
Fiquei maravilhado de como, numa ilha de menos de 200 metros de comprimento, se encontra tantas espécies e beleza.
 
Do alto da ilha podia ver meus amigos, que ficaram mergulhando.
 
Voltamos para o barco e curtimos o por do sol, por trás da ilha Mayreau.
Foi um dia muito gratificante. Daqueles que nos lavam a alma.
 
Pela manhã, da nossa janela, o dia se anunciava igual.
 
Decidimos seguir para Mayreau, e chegamos numa enseada muito abrigada...
 
e com água também muito limpa. Saltwhistle Bay.
Novamente apareceu o cobrador da taxa. Agora EC$40,00, mas ficamos numa poita bem próxima da praia...
 
para onde fomos. Parece de cinema.
 
Passamos o dia tomando banho, cerveja,...
 
cuidando do Firulete em frente,...
 
trepando em coqueiro.
Mais um dia no paraíso.
 
No dia seguinte, partimos.
 
Pensamos em subir para Canouan, a próxima ilha para o norte e muito próxima, mas decidimos rumar para o sul, iniciando o caminho de volta para Trinidad, onde o Betinho e o Guego tomam o voô para casa.
 
Fomos direto para Clifton, capital da Union Island, para darmos a saída do país. Descemos em terra numa pequena praia onde depositavam as conchas do molusco mais comum no Caribe, o Lamb-Lamb, que é bem saboroso.
 
Fomos num restaurante que expõe as lagostas num viveiro e comemos um pizza de lagosta,...
 
 de frente para o mar.
 
No dia seguinte saímos cedo, passamos por fora ( a leste) de Grenada e ...
 
numa velejada preguiçosa, conhecemos seu lado a barlavento.
 
No fim do dia, já sem vento, decidimos entrar em uma pequena enseada, no sul de Grenada,...
 
e pernoitamos defronte a Grenada Marine.
 
Como não queríamos chegar em Trinidad a noite, saímos as 3:00 da madruga. Vimos um belo nascente, ...
 
velejamos de popa, enquando havia vento, ...
 
fisgamos uma barracuda que daria certinho para nossa refeição, mas ninguém estava a fim de peixe.
 
O vento foi morrendo lentamente. Passamos já a motor por uma plataforma de petróleo (de Trinidad-Tobago ou Venezuela, não sabemos) e só as 20:00 horas é que entrávamos pela Bocas del Dragon. Nos dirigimos para Chaguaramas, onde ancoramos defronte uma verdadeira floresta de mastros.
 
Fomos cedo para terra ...
 
e fizemos o desjejum numa padaria de 1º mundo. 
 

Após, fomos fazer as formalidades da imigração. Estávamos loucos para cair naquele mundo náutico.
 
 Circulando entre barcos e ...
 
pelicanos desajeitados ...
 
encontramos o Plancton. Barco que fêz história, com os 4 livros do Geraldo Link, e que hoje é do nosso Iate Clube Veleiros da Ilha - Floripa - e pertence ...
 
ao "manezinho da ilha" Rogério Davila, que subiu para o Caribe em 2011.
 
Continuamos caminhando e fomos encontrando mais brasileiros. O Marcelo de B.H., e a família do catamarã Delphis, que já havíamos encontrado em St. George.
 
Nas tres marinas de Chaguaramas, todas lado a lado, devem estar mais de 200 veleiros. Quase todos em manutenção ou a espera de seu donos. Aqui não passam ciclones a infraestrutura de manutenção é a mais acessível do Caribe. Existem barcos de todos os tipos, idades e tamanhos. Alguns modernos, como este com o casco todo em inox e que se dá ao luxo de acrescentar 3 pés na popa, até ...
 
os elegantes veleiros dos anos 50/60.
 
Encontramos até o Compañera, barco do Alasca, com um casal que encontramos em Natal e depois nas Islas du Salut (Guiana Francesa).
 
Para encerrar um dia duro de trabalho, fomos curtir cerveja com por do sol.
 
No dia seguinte, mudamos a prosa. Fomos para o centro de Port of Spain, capital de Trinidad-Tobago e a 30 minutos de Chaguaramas.
 
Uma cidade com a arquitetura dos colonizadores ingleses. Muito limpa e organizada.
 
Com alguns prédios bem modernos, como este ...
 
que é a Bolsa de Valores, guarnecida por dois leões dourados que os meus amigos corajosamente tocaram.
 
Dali fomos para um moderno shoping ...
 
com um bela arquitetura, ...
 
e um interior muito elegante.
 
No fim da tarde voltamos para a marina e fomos fazer uma visita ao Rogério, pois o Guego queria conhecer o Plancton por dentro.
 
No dia seguinte fomos conhecer a outra marina onde o Delphis vai subir quando o Marco e família forem para o Brasil.
 
No descanso do almoço o Rogério nos convidou para dar uma volta no Plancton, pois ele precisava testar a nova hélice...
 
e lá fomos nós.
 
Passamos ao lado do Firulete, na poita, ...
 
 e por alguns barcos de pesca, muito pobres, cheio de jovens, com cara de indonesos, que ficaram nos fotografando.
 
A noite, tivemos um happy-hour a bordo do Delphis, com caponata de beringela e pão fresco feito pela Cris, que estava uma delícia...
 
e seus filhos são muito simpáticos e bem educados.
 
No dia seguinte, fomos para as lojas náuticas, fizemos o deembarque oficial na imigração, dos meus dois tripulantes, e a noite galeto de despedida, onde o Betinho mostrou que é bom de grelha.
 
A noitada foi longa.
 
No dia seguinte, meus amigos vieram para terra com "mala e cuia".
 
Tomamos a saideira.
 
Almocei de graça, pois os dois quiseram me fazer um agrado, ...
 
com entrada de camarão no molho de pimenta.
 
Depois os dois embarcaram no taxi pré-agendado e partiram para o aeroporto.
Foram 41 dias de convivência, com muitas experiências inesquecíveis. Meus amigos são muito divertidos e de bom astral e só tivemos bons ventos e mar.
Agora permaneço em Trinidad por mais duas semanas, quando chegam Renise (minha mulher) e Jerônimo (meu filho), para natal, reveion e um janeiro que também, espero, sejam inesquecíveis, percorrendo todas as ilhas caribenhas de leste.