quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 2c - De Maceió a Recife

Esta perna fica parecendo muito fácil, pois são somente 110 milhas náuticas (200Km), em aproximadamente 22 horas de navegação, mas no mar não podemos subestimar nada.

Partimos ao meio-dia, dentro de um planejamento de chegar com folga, antes do estôfo da maré, quando teremos calado para entrar no abrigo do clube.
Talismã, Anaquena e Gabí são veleiros de Maceió e partem também hoje para Recife, aproveitando a boa previsão de vento e mar.

Deixamos a Federação de Vela e Motor, mais uma vêz com a esperança de, na próxima, enconta-lo com seu acesso e vizinhança melhorados. Ao seu lado existe uma favela, onde moram famílias de pescadores, nas piores condições. Um investimeto pontual para qualificar este espaço e promover esta gente se faz urgente. A cidade está maltratando pessoas e natureza e afugentando a maioria do turismo náutico, pois são poucos dos que navegam que param em Maceió.

Onda Boa é o catamarã do Peter, que vem de Paranaguá. O encontramos em Salvador, e também segue para Recife e Caribe.

Saímos da poita já na vela...

contornamos o pequeno porto...

e uma hora depois já estávamos passando pela praia de Pajussara, com suas inúmeras jangadas e seus perigosos arrecifes.

Vento e mar perfeitos...

e a tripulação só na boa.  Nossa navegação foi mais costeira, a ponto de vermos terra e termos sinal de celular o tempo todo.

O fim da tarde prenunciava uma noite também tranquila. Ficamos com a linha na água até escurecer, quando percebemos uma jangada muito próximo, entrando no nosso través (lado). Passou toda as escuras e tão perto que trocamos cumprimentos, mas qual não foi nossa decepção de ve-los de vela enfunada mas com um motor de popa ligado. Além de perder todo romantismo, passaram por cima de nossa linha e a levaram um bom pedaço e nossa melhor isca. Isto já havia ocorrido na viagem, com um pesqueiro e com uma lancha. Aos poucos vamos ficando desfalcados de munição.

Andamos muito a noite. O vento não aliviou, e pela manhã já tínhamos o perfil de Recife por bombordo (lado esquerdo).

Já na aproximação, salvamos o almoço. Pegamos mais uma serrinha, nosso peixe preferido.
Contornamos os molhes do porto lembrando do acidente com o Nanuk,...

mas o vento permitiu entrarmos na vela, e desfilamos pelo canal do porto com a grande (vela principal) toda em cima...

e passamos pelo navio-escola da Marinha chamando atenção da marujada no convés.

 No cais do bairro Recife Antigo...

e nos pavilhões do porto, tudo está em obra. Estão revitalizando esta área onde em 2010 só vimos abandono, e acho que vai ficar muito bom.

Como chegamos muito cedo, tivemos que ancorar e esperar pela maré cheia, para termos calado e poder entrar na área do Cabanga Iate Clube. Passou por nós o Anakena, do gente boa Eugênio, já com a churrasqueira fumegando.

As 14:00 horas o pessoal do clube veio nos escoltar pelo canal de acesso que é dragado e estreito.

Já no interior da "piscina" do clube, o gigante Guruçá Cat, que esteve conosco em Salvador, do Fausto e Guta...

e o Anakena, já na cerveja. Tomaram só 90 latas de Maceió até aqui.

Atracamos a contra-bordo do Odin´s, dormimos o resto da tarde para recompor o sono, e a noite fomos para Olinda. No fim de semana tem uma passeata gay em Recife e parece que todas as "espécies" estão por aqui.

O centro histórico de Olinda é um show. Muito preservado e cheio de recantos com barzinhos, atêlies, restaurantes. Tudo muito aconchegante.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 2b - De Salvador a Maceió

De Salavador a Recife teremos 360 milhas (aproximadamente 500Km) e neste trecho estaremos eu e Rodrigo apenas. Daqui para cima muda nosso litoral. As opções de abrigo reduzem, o vento fica mais forte e constante e existem muitos recifes na costa. Gostaríamos de conhecer Aracajú, mas o acesso é impraticável para o nosso calado de 2 metros, de forma que só teremos Maceió como opção de parada e fica a 250 milhas.

As 9:00 da manhã partimos do Aratú. Duas horas depois passávamos pelos 21 navios que aguardavam enfrente ao porto de Salvador.

Ao meio-dia passamos pelo farol da barra, deixamos a Baía de Todos os Santos e voltamos ao mar aberto, depois de mais de 20 dias abrigado.

Passamos por dentro do baixio de Santo Antônio e seguimos pelo orla de Salvador, com suas muitas praias.

Embora o gps contenha a carta náutica, fazemos sempre um planejamento e acompanhamento da rota pelas cartas impressas, na mesa de navegação.

As baleias que subiam normalmente até Abrolhos estão indo a cada ano mais para o norte. Passamos por mais algumas, e com filhotes.

Estamos inaugurando nosso novo guarda-mancebo. Ficou uma maravilha. Mais firmes e tensionados.

A  plataforma continental, neste trecho, é bem estreita. Passamos avistando a costa de Sergipe no horizonte, com 2.000 metros de água abaixo da quilha. O mar assume uma cor arroxeada muita intensa. É linda!

Nesta profundidade, fisgamos o primeiro peixe...

e em seguida outro. Dois atuns. Coincidentemente havíamos acabado de almoçar macarraão com atum (em lata).

Na nossa segunda noite de navegação, passamos muito perto de uma plataforma de petróleo. Parecia uma enorme catedral em noite de natal. Pena que sua grandiosidade não é percebida, por falta de referência de escala, nem a foto registra a intensidade e quantidade de luzes, pois fica impossível fazer uma maior exposição com o movimento do barco.

No terceiro dia seguíamos com vela e apenas 1 hora de motor, desde a partida.

Mar liso, céu azul, vento de través. Tudo perfeito!

A tripulação curtia a folga...

enquanto o piloto automático levava o barco...


e a carretilha Pen, presente do amigo Guego, garantia o rango.
Antes da chegada, pescamos ainda mais uma serrinha, o nosso peixe preferido.
A vida estava tão mansa que cheguei a esticar a rede na sala para um relax.
As 13 horas já tínhamos Maceió na nossa proa. Em 2010 este trecho de Salvador a Maceió fora o mais difícil. Agora foi o mais light. O mar tem seus caprichos.
A noite fomos dar um passeio pela cidade e passamos por uma loja de colchões. Normalmente não me chamam atenção, mas agora, depois de mais de 40 dias embarcado, as camas pareciam miragens. Pedimos para dar uma esticadinha para matar saudades.
Depois seguimos pela orla, onde Rodrigo curtiu muito uma academia Top, afinal é o seu ramo de negócio e esta realmente tinha um novo conceito.
Acabamos num restaurante muito bom, onde comemos um cordeiro, para compensar tanto peixe.
Maceió está muito caprichada e com muitos turistas.
Fizemos um tour a pé pelo lado antigo da cidade, onde existem 21 museus.
A foto é da estátua da liberdade, em ferro fundido, veio da França e é anterior a de Nova Yorque, só que bem pequena (uns 2,5 metros).
Alagoas foi berço de Marechal Deodoro, que proclamou a República e foi seu primeiro presidente...

e de Floriano Peixoto, seu segundo presidente.

Ambos estão (em broze) numa praça cívica de frente para o mar, com as bandeiras de todos os estados da federação.

Passamos pelo restaurante Picuí já com fome e não resistimos. Comemos um belo rizoto de frutos do mar...  

e lá encontramos um casal de Itajaí muito simpático.

Depois fui para o Museu do Artesanato de Alagoas. Muito bonito...




onde a cerâmica tem seu maior destaque. São muito detalhadas e retratam principalmente o cotidiano da gente e a sua religiosidade.

Máscaras, bonecos, bandeiras, fazem um misto de alegoria e retratam um forte caráter teatral.
Percebe-se uma forte contribuição do índio na composição cultural de Alagoas, diferentemente de Salvador, onde prevalece o negro.

Vi ainda umas cadeiras muito exóticas...

feitas com galhos de uma vegetação da caatinga (acredito).


Depois dei ainda uma esticada até o centro da cidade, para mais umas fotos. É todo antigo, já que como Salvador, a parte moderna se deslocou para a orla.
Amanhã partiremos para Recife.