sábado, 28 de agosto de 2010

Salvador rima com Amor


E ela chegou!
Esta viagem tem me mostrado muitas coisas.
Uma delas é, de que como eu amo esta mulher.
Eu já estava contando os dias.
À distância, percebemos o que realmente nos importa, e o mar nos faz filtrar nosso cotidiano, e destacar o que nos realmente é essêncial.

Na bagagem, uma cartinha da minha neta Bruna.
Que saudades!
Ela é maravilhosa!

Pegamos um hotel na orla de Salvador.
Dei uma folga para o Firulete, e para a tripulação.
Alguns viajaram.

O cenário foi perfeito, para matar todas as saudades...

... e mais parecíamos, um casal em lua de mel.


A orla é uma sequência de praias e pedras, dando movimento e contrastes.

Tiramos um dia para fazer um city-tour, parando nos pontos turísticos e fazendo uma leitura geral da cidade e da sua história....

... como o forte e farol da barra...

... o painel de azulejos portugueses, na igreja do Bonfim...

... as estátuas das bainas no lago...

... e o estádio Fonte Nova, palco de muitas tristezas e alegrias, pronto para ser implodido (foi hoje, ao meio-dia). Vai dar lugar a um novo, que será sede da copa de 2014.


Há 27 anos estive em Salvador, num congresso de arquitetura.
Na época, 70% da população morava em favelas, ou palafitas.
Hoje mudou bastante, mas ainda um grande contingente da população mora desta forma.
É uma capital com fortes contrastes sociais...

... mas o povo é muito alegre, tem musicalidade e ginga, e adora a praia e o mar.

O por do sol, na Bahía de Todos os Santos, é mágico.
Aqui, do alto do elevador Lacerda, no centro histórico, com o Firulete atracado calmamente no nossos pés, no pier do Tenab.

Côco e mar, mar e côco, e de vez em quando um chope pra vadiar.

As praias são um convite ao ócio, e por muito tempo, por aqui proliferaram quiosques e bares, frutos de iniciativas privadas, invasões e concessões informais.

Só que estão sendo todos retirados, depois de 4 anos de pendengas judiciais, manifestações, passeatas, barricadas, etc...
A Prefeitura, com o aval da União e do Ministério Público, sob guarida da Polícia Federal, está promovendo uma limpa na orla...


... com a comunidade dividida, e com certeza muitas famílias sem o seu sustento.

Mas a cidade passa por um processo de modernização e qualificação, como neste pequeno mercado de bairro...

... e num tranporte coletivo eficiente, do qual usufruímos muito.
Aliás, penso que a melhor forma de conhecer uma cidade é andando de onibus.

Tiramos um dia para curtir o mar.
Escolhemos a praia de Patamares...

... onde a areia e as pedras dividem os espaços...

... e as algas, parecem canteiros de alface...

... e a Renise, uma sereia.

Para arrematar, um almo-janta no Yemanjá.
A melhor comída típica de Salvador.

E para não perder as raízes urbanas, uma chegadinha no Shoping Salvador...

... recém inaugurado, muito moderno e bonito.

Bem... como tudo que é bom passa rápido, aqui minha Cinderela toma seu pássaro prateado, e parte para casa.
Afinal, alguém nesta família precisa trabalhar.
Eu volto para minha vidinha de navegador, novamente contando os dias para encontra-la em Fernando de Noronha.
Se os ventos nos permitirem, e o mar nos deixar passar.

Norberto.
































domingo, 22 de agosto de 2010

Em busca do Salvador


Partimos do Morro de São Paulo pela manhã, para uma perna de apenas 31 milhas.
Tivemos vento terral na saída, e mais tarde um sul que rodou para leste e, no final, um nordeste fraco, tudo intercalado por chuvas passageiras e sol.
Um dia para todos os gostos.

Esta é uma foto acrobática, onde o Rodrigo, praticamente deitou na âncora, presa na proa.
O resultado foi inusitado.

Num momento de rajada, onde o Firulete acerela e deixa um vasto bigode.

Aqui, cruzamos com um outro veleiro que vinha de Salvador.

O Augustino, fazendo pose de galã, e planos para agitar em terra.
Ao fundo, a ilha de Itaparica, pelo través, anuncia a aproximação do destino.

Numa asa-de-pombo, com o pau-de-spinnaker para manter a genôa.
Não se assustem, mas é a terminologia corrente no mundo da vela.

Ao fundo, o sky-line da cidade.
Uma cidade vista do mar tem sempre uma outra perspectiva, e são sempre belas.

A imensidão da Bahía de Todos os Santos.
Um território muito rico para os velejadores.

Passando pelo farol da barra que demarca o norte da Bahía de Todos os Santos.

Aqui, já atracados no Tenab (Terminal Náutico da Bahía), na frente do Mercado Público e aos pés do famoso Elevador Lacerda, que liga a orla ao centro histórico.



E aqui, uma panorâmica da nossa vista.

O Terminal é muito bem abrigado, e os barcos ficam ligados a piers flutuantes, com água e energia disponível.
Aqui vemos muitos veleiros estrangeiros, que estão em trânsito. Bandeiras da França, Espanha, Holanda, Austrália, e claro, muitos da Argentina.

Alguns são verdadeiras máquinas de regata, como este, de bandeira francesa, com o casco todo em alumínio.

Tivemos uma recepção em alto estilo.
Aproveitando a fama de Salvador, de muita festa, o Costa Leste faz uma pausa estratégica de 20 dias.
Muitos barcos encerram a viagem por aqui, outros que vão para Recife e Fernando de Noronha, que é o nosso caso, aproveitam para fazer manutenção, descansar da vida difícil de navegador e cair na gandaia.
Sabendo disso, minha mulher, que não é boba nem nada, vem passar uma semana aqui comigo, o que será muito bom, pois ninguém é de ferro, e também estou precisando de manutenção.
De forma que... acho que este blog vai tirar umas férias.
Na próxima postagem, mostraremos o Salvador.

Um abração.

Norberto.

sábado, 21 de agosto de 2010

Morro de São Paulo - BH


As 8:00 horas deixamos Camamú.
Céu nublado, e um vento terral. Saímos impulsionados pela genoa somente.

O frio nos fez lembrar o nosso sul, que deixamos para trás.

Foram 35 milhas apenas até o Morro de São Paulo, mas com ventos fortes de sul e chuvas passageiras, resultando numa velejada mais radical, surfando ondas de até 3 metros, onde atingimos picos de até 8,9 nós de velocidade.

Chegando no destino, nos abrigamos neste point, protegidos do vento.

Na luz do fim de tarde, Augustinho toca sua gaita de boca, deixando ainda mais poético nosso ancoradouro.

Pela manhã, saímos para explorar o tão famoso Morro de São Paulo.
Para muitos o melhor point do litoral baiano...

... que faz parte do Arquipélago de Tinharé.

Apesar do dia parcialmente nublado, e da cor do mar estar prejudicada pelos fortes ventos de sul, o lugar é realmente muito charmoso...

... com uma vila bastante aconchegante...

... onde todo o transporte é feito por burros e carrinhos-de-mão, pois carros aqui não trafegam.

Aqui, uma antiga fonte de abastecimento de água...

... construída em 1746...

... era dotada de um filtro de passagem, para retenção dos sólidos da água.

Com a ausência dos carros, a vila se torna um ambiente muito especial, com um rítmo de muita harmonia...

... e com o mar sempre como pano de fundo.

O local transpira arte, e acaba atraindo muitas figuras exóticas.

Nosso amigo Rodrigo, tentou ser simpático com esta baiana, debruçada na janela, mas ela deu-lhe um baita gelo, coitado.

No topo do morro, o imponente farol orienta os navegantes na noite, e os alerta dos perigos da costa, repleta de corais.

Próximo do farol, parte uma enorme tiroleza, que atravessa a praia, e termina na água.
Deve ser uma experiência muito radical se atirar daqui, mas pelo frio, neste dia não estava funcionando.
Taí um bom motivo para voltarmos a este local.

Quatro pequenas praias se seguem. Todas como grandes piscinas, formadas pelo banco linear de coral, que detém as ondas.
Estas águas, normalmente, são de um verde esmeralda.
Erramos o dia.

Estas praias tem uma boa infra-estrutura, comércio, restaurantes e bares de alto nível.
No verão isto deve ferver.

Muitos barcos com opções de passeios.
A todo instante nos interpelavam oferecendo algum.
-Amigo, estamos a 45 dias no mar, agora o que queremos é terra.

Ao longo de toda a orla, pequenos diques feitos com o tronco do coqueiro, fixam a areia, seguram a cheia e permitem uma vegetação que emolduram as praias...

... e aqui, o mesmo tronco do coqueiro, virado com as raízes para cima, se tranforma numa inusitada escultura...

... e aqui ainda, um arranjo com troncos, aparentemente juntados pela praia, vira arquitetura, num bar muito transado...

... onde o Rodrigo queria esperar abrir (até o verão).

Ao lado, um quiosque coberto de palha, uma canoa-de-um-pau-só, um peixe de cipó.
Tudo numa perfeita harmonia com a cultura local.

As vias de circulação, com muita vegetação, mais parecem praças.

De volta ao Firulete, no fim do dia, o Cesar subiu no mastro (13 metros de altura), para sacar uma foto do nosso convés...

... e do poente, mais uma vez magistral.

No dia seguinte, é hora de zarparmos rumo a Salvador, mas não sem antes registrar o magnífco arco-íris que se formara.

Um Show!

Então...
até Salvador, onde receberei a visita de minha amada!
E já é hora, pois a saudade é grande.

Norberto.