quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Salvador-Vitória

No sábado, finalmente o vento sul rodou para leste.
As 19 horas partimos de Salvador para uma perna longa, 473 milhas (880 Km), até Vitória do Espírito Santo, com previsão de nova frente fria para quarta de manhã.

Já ao amanhecer, que é a hora do peixe...

...garantimos o almoço. Um atum, de uns 3 Kg, com apenas 10 minutos de linha na água.

Tivemos dois dias magníficos, com vento a favor, mar liso, céu limpo, e a noite a lua cheia, nascendo e se pondo no mar.

O barco andando bem, o piloto automático levando, e a tripulação literalmente de pernas para o ar.

Num momento sem vento, o mar fica tão liso que vira espelho do céu.
Na foto, o Cesar na proa, registra este espelhamento sendo cortado pelo andamento do barco.
Uma foto digna de um concurso.

Aliás o que não faltaram foram fotos para concurso.
Observem o nível...




Passamos pelo canal de Abrolhos a noite e isto exigiu muita atenção na navegação, pois são muitos os recifes e baixios de corais.
A partir daqui entramos no território das baleias, onde passamos bem perto de uma mãe e seu filhote.

Na manhã do terceiro dia, o tempo começou a fechar.
Ainda antes do desjejum fisgamos um dos grandes...

Depois de mais de uma hora de peleia, e já sob chuva, embarcamos o almoço para os três próximos dias. Uma cavala de mais de 1 metro e uns 8 Kg.
Daí para frente, o mundo desabou.
Foi muita chuva, mas o vento continuou favorável.
As 18 horas, presenciamos algo raro, entrou uma porranca de sul, sem que o vento, então de norte tivesse aliviado.
Foi um vento engolindo o outro.
A partir daí, terminou a mordomia. Estávamos a 60 milhas apenas de Vitória, mas foram batalhadas palmo a palmo, e com chuvas diluvianas.

Em meia manhã do quarto dia, com o céu já se abrindo, avistamos Vitória.

Passamos ao lado do porto de Tubarão, que opera principalmente com minérios e aço.
La fora, passamos por nada menos que 27 navios, ancorados a espera da operação no porto.
Ja viram um engarrafamento de navios?
Estamos de volta ao Iate Clube de Vitória, novamente na espera de que o vento sul amaine.
Previsão de podermos sair na sexta de manhã, com destino até onde a próxima frente fria nos barrar.
Até!
Norberto.









sábado, 23 de outubro de 2010

Natal-Cabedelo-Recife-Salvador

Bem amigos, começamos a etapa de volta da nossa viagem.
Levamos tres meses subindo o litoral do Brasil e agora pretendemos voltar até Florianópolis em um mes apenas. Isto que dizer, muito mais mar, muito menos terra e muito menos tempo para o blog.

Mas é claro oh chente, que esta pressa é no rítmo do nordeste, não sabe?

Ninguém aqui vai se aperrear não.

Chegamos em Jacaré, um sossegado portinho...

...onde ficam muitos veleiros estrangeiros, empreendendo viagens que tornam a nossa um pequeno passeio.

Tiramos o dia para passear.
As frutas...

...e os frutos da região parecem exóticos, aos nossos olhos.

Em Cabedelo, uma pausa para uma gelada, enquanto esperamos o trem, que nos levará até João Pessoa...

Uma cidade agradável. com seu sítio histórico, ainda bem preservado, mas só agora iniciando investimentos de restauração e recuperação deste patrimônio.

Como sempre, com muitas igrejas, construídas no período de colonização...

...e onde, as da Ordem de São Francisco, são sempre as mais belas.

O por do sol, no portinho de Jacaré é famoso.
Aqui, em um bar onde há um belo pier, todos os dias, no momento do poente, se houve o Bolero de Ravel, executado em sax solo.
Depois a música entra na noite.
Temos o privilégio de estarmos vizinhos, e poder curtir isto do barco.

No dia seguinte, tocamos para Recife, pois o Evoy tem passagem marcada para retornar a Floripa.
Não deve ser fácil voltar ao trabalho depois de experimentar tudo isto.
Mas entendemos. Alguém tem que trabalhar neste país.

A noite, um celebração no Boteco, para despedida do nosso tripulante-sócio do Firulete.

Quando passei por Recife, a 3 semanas atrás, entrei casualmente numa loja de motos, e fui fisgado por esta usada, mas muito nova.
Foi um amor a primeira vista.

Hoje voltei na loja, e ela ainda estava lá, esperando por mim.

E hoje, casualmente é o meu aniversário.
Parece loucura mas...Comprei a moto!

E curti ainda os 2 dias de Recife, andando de moto, revivendo os velhos tempos de motociclista.

Corri todo o Recife Antigo...

...a orla urbana...

...a arquitetura...

...a cidade, cheia de canais e pontes, que lembra Amsterdam...

...e justifica a dominação holandesa no início da colonização, fato que enche de orgulho os Recifenses.

A bordo. a vida e a lida continuam.
Lavar a roupa é uma tarefa permanente, onde cada um se encarrega da sua.
Despachei a moto por uma transportadora e, de Recife partimos para Salvador.
Pela primeira vez, andamos sobre nosso próprio rastro.
Daqui para frente, é o verdadeiro caminho de volta.
Na foto, o Talassa II, mais uma vez fazendo um trecho conosco, e novamente o Rodrigo vai nele, para dar uma força ao Marcelo, que esta navegando solo.
É um tiro longo, de quase 400 milhas (700 Km).

Depois de perdermos dois peixes, um deles no momento de içarmos para o convés, fisgamos um dos grandes. Deu muito trabalho para embarcarmos, pois nossa carretilha estava travando, e estes bixos fazem muita força. É preciso negociar na linha o tempo todo, para não perde-lo.

Depois de algumas horas de labuta, o sashimi, o almoço e a janta estavam garantidos.
Um dourado de 1,12cm e mais de 10 kg.

Foi um dia gratificante, mas nosso andamento foi pequeno...

...a ponto de, faltando 20 milhas para Salvador, as 5:00 da madruga, pegarmos um temporal com vento, chuva e ondas, tudo contra.
Foram 3 horas de pauleira e sem podermos avançar.

Para complicar ainda mais, nosso motor apresentou um problema na refrigeração, e precisávamos ir adicionando água por todo o tempo, para não superaquece-lo.

Ao chegarmos em Salvador ainda chovia muito. O Firulete vira uma grande tenda, onde um grande varal começa a secar tudo o que está molhado. E não é pouco.
Vamos aguardar por aqui, até que uma janela de tempo favorável nos permita continuar para o sul.
Até a próxima postagem.
Norberto.






























segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Noronha-Natal


Amanhece. É o dia de partir de Noronha.
Os golfinhos rotatores vem se despedir.

Levantamos âncora. Vamos para Natal em regata. Serão 200 milhas (aprox. 350 km).
A tripulação começa a pegar gosto por competir.
Na Refeno nossa performance foi mediana. Oitavo lugar na categoria (RGS E), e segundo dos Fast 345 (participaram 3).

Estamos com pretenções de descontar o prejuízo.
Foi dada a largada, com 40 veleiros participando.

O dia está lindo. Vento fraco e de través.

Os barcos regateiros utilizam o balão assimétrico, emprestando um colorido a mais.

Os catamarans, mais rápidos, vão tomando a dianteira.

Mais golfinhos aparecem e nos acompanham por um tempo...

...tirando fino da nossa proa e fazendo evoluções em velocidade.

Vamos nos distanciando da ilha...

...que aqui já esta ao fundo, no horizonte.

O vento aumenta e o nosso revesamento de leme e sono começa, até porque serão em torno de 36 horas de navegação, sempre procurando tirar o máximo do vento.

Ao fim do segundo dia, temos já Natal em nossa proa, com seu sky-line de prédios e a elegante ponte estaiada, pronta a quatro anos.

Esta ponte tem 55 metros de altura, e por baixo passa a entrada do porto da cidade.
Nossa passagem coincide com o sol poente.
Lindo!

Temos um único dia para conhecer Natal. Com a tripulação do Shipping, cedo partimos caminhando pela orla...

...visitamos o Forte dos Reis Magos, que fica na entrada da barra por onde ontem passamos.

Este é o seu pórtico de acesso...

...e seu pátio interno, com edificações toda em pedra de até 3 pavimentos.
Tudo muito bem restaurado e preservado.

No centro do pátio, uma capela, e no segundo piso, camuflada, a casa de pólvora.

Depois fomos para o outro extremo da orla, na famosa Ponta Negra. Praia de barzinhos e restaurantes, onde degustamos uma saborosa sequência de camarão. O Rio Grande do Norte é o principal produtor deste crustáceo.

A noite brindamos em grande estilo...

...pois o Firulete subiu ao pódio. Ficamos em terceiro lugar na nossa classe (RGS-C).
Com um pouco mais de treino esta tripulação pode vir a ser olímpica.
Ainda esta noite precisamos partir, para aproveitar a maré vazando, devido a forte correnteza no canal do rio. Vamos para João Pessoa (Paraíba). Serão mais 70 milhas.
Até!

Norberto.