domingo, 28 de outubro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 3c - Fenat + Natal

Chegou o dia de deixar Noronha. O Firulete saiu com mais 33 veleiros no rumo Natal, integrando a 24ª Regata Fernando de Noronha-Natal. Eu e o Evoy tripulando apenas, pois a Samara volta para Floripa e o Rodrigo continua no Odin´s Toy. Normalmente este trecho é mais ligth que o de Recife-Noronha, mas desta vez foi diferente. O vento foi em excesso, muitos pirajás com rajadas fortes, e mar agitado como num liquidificador. Levamos 32:20 horas nos revezando nos turnos, e não fizemos uma foto sequer, pois o tempo esteve feio e até a máquina fotográfica estava meio mariada.

A entrada do porto é demarcada pela grandiosa ponte estaiada que forma um belo portal. Um vão livre de 120 metros com 55 de altura, aproximadamente. É muito elegante e tem semelhança a que está sendo iniciada na BR 101, na Cabeçudas (Laguna).

O Firulete monta a bóia de chegada, defronte o Yate Clube de Natal e é fotografado pelo Miguel, do Odim.
Ficamos ancorados no canal do Rio Potengí, antes do porto, e passam muito próximos a nós os navios cargueiros.

 Aos poucos vão chegando os competidores, alguns com marcas do tempo e mar enfrentados.

O pobre Timshel, do amigo Ronaldo, teve genôa rasgada e perda de parte do leme. Fêz as últimas 60 milhas rebocado por um barco pesqueiro.

Mas o abrigo, em frente ao Yate Clube do Natal, é muito tranquilo e rapidamente recuperamos as energias da travessia,...

tanto que o Evoy foi correr, atravessou a ponte e fez de lá lindas fotos.

Estamos ancorados do lado de um Grupo de Artilharia e acompanhamos de perto, os exercícios de treinamento que fazem.

O Clube tem intensa atividade dos sócios, um bom restaurante, piscina, quadra de tenis e nos fins de tarde rola um showzinho de por do sol e happy hour, onde ...

 se revezam artistas locais de ótimo nível. Esta terra, pelo jeito, é fértil de valores musicais...

e nós temos nos contagiado com isto. Tem sido um tempo de festa, onde temos aprendido muito. Aqui o amigo Peter (holandês) nos dá uma lição de como beber cerveja na lata sem aquecer o conteúdo, e parecer chope.

Fomos no Restaurante Camarões, na Ponta Negra de onibus, mas comemos como se tivéssemos de limosine. O Rio Grande do Norte é o maior produtor de camarão do país.

O clima de confraternização no clube é muito bacana.
Aqui se encontram tripulantes de barcos que se preparam para ir para o Caribe e outros que aguardam uma janela de tempo favorável para voltar para o sul. É como se fosse a esquina náutica do Brasil.

E chegou a noite dos resultados e premiação da regata Noronha-Natal.
O Odin foi 2º colocado na categoria Bico de Proa, e Rodrigo faturou sua medalha.

O Firulete ficou em 1º na RGS-D, mas não foi tão curtido, pois só haviam 2 barcos na categoria.
Este pessoal que está conosco na foto são 3 argentinos que levam um veleiro finlandês, de bandeira americana, mas de propriedade de um paulista, para o Caribe. São a Madalena, o Mateus e o Luca. A maior coincidência foi que minha amiga portenha Liliam, que mora a anos em Criciúma, foi amiga de infância da mãe do Mateus. Eta mundo pequeno este!

E no fim, tudo é motivo de festa.

O Firulete vai acumulando troféus. Estamos até penssando em construir uma sala a bordo, para guardá-los.

O Swan Lake é o veleiro que o Mateus, Madalena e Luca estão levando para San Marthan (Caribe).
Tem 60 pés e 32 anos de idade, mas é de um padrão de construção e acabamento de fazer inveja.

Mais festa! Firulete, Odim e Swan fomos jantar no Onda Boa, em comemoração a adoção da filha de Cristina e Peter, a cadelinha Lucky, que resgataram do Centro de Zoonoze de Natal.

O Rodrigo assumiu o comando do fogão e preparou um estrogonofe de camarão que fez o maior sucesso.

Depois curtimos um som que Luca mandou na viola 7 cordas. O gringo deu um show com um repertório de Bossa Nova que nos deixou envergonhados pela nossa ignorância musical. Decidi que na próxima encarnação vou estudar música.

Aqui um exemplar de um escaler. Navega elegantemente com uma vela carangueja, duas bujas e uma mezena. Lindo!

Bem! Aqui encerramos uma etapa de navegação onde já tínhamos trilhado, em 2.010. Daqui para frente teremos águas desconhecidas. Nossa próxima etapa será de quase 2.000 milhas (3.700Km), onde percorreremos toda a costa nordeste do Brasil, e iremos direto ao Caribe. Peço paciência aos nossos seguidores, pois nossa próxima postagem será de lá e isto deverá ocorrer na segunda quinzena de novembro. Conto com a torcida de todos!






segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 3b - Refeno + Noronha

Em Noronha nosso acesso a internet é precário. Existe um serviço de wireless comunitário que cobre toda a ilha,  mas é lento. Acredito que pelo excesso de vento.
Nossa navegada de Recife a Noronha, em regata, foi onde tentamos tirar o maior rendimento do barco, Embora não sejamos "regateiros", mas "cruzeiristas" - há duas comunidades distintas entre os velejadores - na hora do pega, o espírito competitivo acaba baixando.

As 2 da madruga saímos do clube, pois dependíamos da maré cheia. Pela manhã acordamos já na área de largada.

Depois de mergulharmos para uma limpeza do casco (retirada das cracas), vestimos a camisa Firulete, presente do Zaca (sogro do Evoy), e saímos para a largada.

Todos os barcos fazem o check-in, perfilando um a um diante da CR (comissão de regata)...

e de um público que se aglomera ao longo do caís...

e aplaude cada barco anunciado. Nos sentimos verdadeiros atletas...

e aí toda a concentração e empenho para não fazer feio. Na foto estamos observando a biruta, no topo do mastro, para o ajuste fino das velas.

Ao ganhar o mar aberto, o Firulete e sua tripulação se sentem em casa. Este é o nosso ambiente preferido, principalmente depois de quase um mês aterrado.

Logo no início vamos vendo os barcos maiores e os regateiros nos ultrapassando. Aqui nosso único conterrâneo na regata, o Mano´s Champ, uma máquina de regata do Clube Veleiros da Ilha (Fpolis)...

e rapidinho vão nos deixando na sua esteira.

O MM2000, onde vai nossa amiga Cris, é outro exemplo de um barco rápido e elegante.

E assim vão desfilando os barcos mais rápidos, nos deixando com uma sensação de impotentes.

Em compensação, vamos curtindo e fotografando o por do sol...

o seu nascer, no dia seguinte...

e as várias cores que o dia vai assumindo...

até que se ergue na nossa proa, no meio do oceano, a majestosa Noronha.

Cruzamos a linha de chegada e rumamos para a área de ancoragem, onde já se encontravam uns 50 veleiros...

largamos ferro e abrimos a gelada para comemorarmos o feito. Afinal foram 49 horas e 40 minutos de navegação a pleno, perfazendo 300 milhas (540Km), com bastante vento. Tanto que houve barcos avariados, velas rasgadas e até 2 quebras de mastro (o catamaran Jaú e o monocasco Entre-Polos, do amigo Gigante - que comentei na postagem anterior), de forma que só de chegarmos (inteiros) aqui já é motivo para comemoração.

Terminamos a comemoração na água, que por aqui é sempre convidativa.

Passou por nós uma novidade aqui. Uma embarcação para passeios com fundo de vidro. Deve ser interessante pois está sempre cheio.

Só no dia seguinte fomos para terra e ... surpresa!
Lá estava o resultado da regata, onde ficamos em 2º colocado na nossa classe.
O Firulete é show!

Fomos para a vila, para atualizar nossos contatos virtuais.

Na volta, fiz algumas fotos do chamado Mar de Fora...

e passei no Museu do Tubarão...


enquanto Samara e Evoy curtiram o por do sol no Mar de Dentro.

Na ilha há muitos lagartos (tejú) e largatixas (mabúia), mas não existem cobras de nenhuma espécie.

No dia seguinte, saímos para uma caminhada, mas acabamos numa carroceria de caminhonete. O pessoal na ilha para e oferece carona.

Fomos fazer uma trilha nas baías dos Golfinhos, Sancho e Porcos.

Outra novidade por aqui é que para entrar na área do parque, que significa 80% da ilha, precisa-se recolher uma taxa de R$65,00 (por pessoa, com direito a 10 dias) para uma empresa que ganhou uma concessão de 50 anos para gerenciar e equipar o parque. Em compensação, a infraestrutura que estão criando é de 1º mundo...

passarelas elevadas do solo e mirantes por toda a extenção do trilha.


As vistas ao longo da trilha são estonteantes.


Para descer até a praia do Sancho, o acesso é por um túnel vertical na rocha.

Descemos este desnível, até a praia. As fendas das rochas vulcânicas são penetradas por raízes potentes que fixam árvores incríveis...

e a vida explode num solo que parece inviável.


Curtimos banho e mergulho e...

continuamos a trilha...

até os Dois Irmãos.

A ilha guarda vestígios de tempos distantes, quando o território ainda era disputado.

Na volta, encontramos a tipulação Odin´s num restaurante.

A noite aconteceu a festa de premiação da regata. A tripulação Firulete e Rodrigo, que esteve emprestado ao Odin´s Toy.

Subimos no pódium da classe RGS-E, que nivela os barcos pelo seu tamanho e rendimento.

Felizes registramos o momento...

e o troféu.