sábado, 7 de dezembro de 2013

Projeto Volta Atlântico - Etapa 22 - Voltando para Casa

Antes de tudo, quero dizer, aos que postaram mensagens na Etapa 21 (anterior), que respondo a todos, pois descobri que tenho este expediente no blog, e já sobra mais tempo para a internet, pois aqui as aterragens já são em points conhecidos. Confiram lá.

Nunca nosso litoral foi tão pequeno. É impressionante, como para nós, sair do Recife e ir até Florianópolis ficou perto. Em 2010, quando fizemos esta costa pela primeira vez, e fomos até Noronha e Natal, nos parecia uma jornada gigantesca. Hoje, tudo parece logo ali. Realmente, tempo e distância é só uma questão de referência. Aliás, depois destes 16 meses de mar e terras desconhecidas, onde vimos muito e ampliamos nossos horizontes, no sentido mais amplo que esta palavra possa ter, a grande conclusão é de que, tudo na nossa vida é uma questão de referência. Por isso viajar faz sempre bem, para a mente e para a alma, pois é a melhor e mais eficiente maneira de ampliarmos nossas referências.
Esta nossa forma de viajar, navegando, nos propiciou ainda, um tempo entre cada território visitado, em pleno contato com a natureza, que nos permitiu digerir lentamente todas as experiências vivenciadas. O tempo de mar foi sempre rico em filosofia. Um tempo para contemplar a natureza, a vida, a humanidade. Um tempo que permitiu unir informações e fazer uma leitura mais integral da obra humana e da obra divina. Este tempo foi de muita espiritualização. Acho que resgatei um lado adormecido de mim, pois nas últimas décadas, vinha construindo um entendimento da vida e do mundo, totalmente pautado no racionalismo. Estes 16 meses, e o tudo que pude contemplar e filosofar, foram um verdadeiro sabático. De forma que a sensação é de rejuvenescimento (apesar dos 60), de baterias plenamente carregadas em carga lenta, de uma energia interior muito grande, de uma vontade de chegar em casa e colocar todo este otimismo em prática.
Resta saber o quanto vai durar toda esta carga. De qualquer forma, quando se fizer necessário, o Firulete estará pacientemente a espera, para se fazer ao mar novamente.
Bem, depois desta introdução, onde tentei expressar o efeito pessoal resultante desta, digamos, peregrinação, vamos ao relato das nossas últimas pernas.
Elegemos algumas paradas estratégicas, ao longo do nosso litoral, todas já visitadas em viagens anteriores.

Na saída do Recife, no canal do porto, cruzamos com o veleiro Rusalka, do mexicano Marc, que havíamos encontrado no Cabo Verde. Tentamos fazer contato, mas não havia ninguém a bordo.

Deixamos Recife, com rumo direto a Ilhéus, pulando Salvador, pois na subida, fiquei devendo uma visita a uns primos que moram em Ilhéus.

Passamos por uma embarcação muito esquisita. Estava parada e acho que fazia prospecção de petróleo. Havia outros navios menores na área que se aproximavam dela. É impressionante o tamanho destas estruturas.

Nosso corrico, nos últimos tempos, tem mais perdido iscas do que capturado peixe. Acho que porque, com os alísios, temos andado numa velocidade que dificulta pescar e, principalmente, embarcar o peixe. Mas aqui, um atum, de uns 8 a 10 kg, rendeu o rango pelos 3 dias seguintes.

Foram 470 milhas (800 km) com vento e mar perfeitos. O oposto do que passamos em 2010, subindo estre trecho, quando tivemos 36 horas de navegação em condições extremas.

Seis horas antes de fecharmos o 4º dia estávamos chegando em Ilhéus. Uma ótima média.

Passeamos pelo centro da cidade de Jorge Amado, cenário de "Gabriela, Cravo e Canela" e outros tantos dos seu romances. Era sábado, e a Praia do Cristo, no Rio Cachoeira, estava movimentada.

Visitamos nossos primos, que são catarinas morando aqui já a 3 anos. A Joice e o Dercílio, com os filhos Artur, Tomaz e o 3º a caminho (provavelmente uma menininha). Formam uma família muito bacana que me lembra a da filha Lola, que mora em São Paulo. Com a nossa carência de família, foi ótimo vê-los.

No domingo, partimos de Ilhéus, agora rumo a Vitória, no Espírito Santo. Uma navegada de mais 340 milhas (620 km), ainda com o vento nordeste, que nos era de alheta, ou seja, bem favorável.
 
Aqui, saboreando uma rodela de mamão. Estávamos com saudades das frutas brasileiras. O César se encarrega de abarrotar o barco com elas. Só não embarcamos jaca, por motivos óbvios.
   
O litoral da Bahia é enorme. Até o arquipélago de Abrolhos, seguimos numa navegação bem confortável. Passamos pelas ilhas a noite e não paramos, pois está anunciada uma frente de sul e queremos chegar antes dela entrar.
 
Logo no início da costa do Espírito Santo, o  vento aumentou consideravelmente e rodou para norte, encarneirando o mar, ...
   
levantando grandes ondas que vinham pela popa, fazendo do Firulete uma prancha de surf. Pois foi aqui, enquanto eu tirava estas fotos, para registrar o estado do mar, que nos aconteceu a maior zebra da viagem. Uma zebra quadriculada, não listrada, como de costume. Imaginem que, com nenhuma embarcação no horizonte, um pesqueiro surge na nossa proa, já a 3 metros apenas. Enquanto eu tirava a foto anterior, o dito cujo estava encoberto pela pequena genoa 3. Estava ancorado, fazendo pesca de linha de fundo. Ouvi um griteiro e, do cockpit, vislumbrei aquela proa exatamente na nossa frente. Só deu tempo de voar na roda do leme e dar uma guinada para a direita. Não sei se cheguei a alterar o rumo, antes de haver a colisão. Nosso barco parou bruscamente, girou e ficou bordo a bordo com o pesqueiro. Era um barco de madeira, um pouco maior que o nosso. O barulho da quebradeira que ouvi, vai ficar gravado na minha memória, pois foi como se o mundo desmoronasse sobre mim. Não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo. Numa fração de segundos, veio a reação. O pescador ordenou que seu proeiro tocasse o facão no cabo de âncora enquanto eu, ligava o motor e engatava uma ré, para separar logo os barcos, antes que a segunda onda nos atingisse. Com os barcos liberados, nós, com a vela encima, fomos nos afastando, enquanto o pesqueiro saiu na recuperação do seu cabo da âncora, que ficou boiando. Não deu tempo para dizer palavra. Nem consegui ver o nome do pesqueiro. Estávamos todos em estado de choque. O pescador, coitado deve ter ficado fulo, pois afinal, estava parado, mas não percebi estragos no pesqueiro, pois era muito robusto. Quanto ao Firulete, não merecia tamanha falta de sorte. Eu, me considerando já quase em casa, feliz com o resultado da longa jornada, me regozijando de não haver quebrado nada, nem sequer rasgado uma vela, olhava para o estado do Firula e me recusava a acreditar. As primeiras horas foram de um profundo pesar, e para completar, a navegação estava difícil, pela força do vento. As 2:00 da madruga, ancoramos defronte o Iate Clube de Vitória e, extenuados, caímos num sono que, quem sabe apagaria aquele dia. 
 
Acordamos pela manhã, o vento já era sul e a frente fria já havia entrado. Devemos ter escapado dela por umas 3 horas apenas. Realmente o abalroamento não foi um pesadelo. Lá estavam todas as suas marcas.  
Passamos a manhã ali, sem motivação para entrar no clube e ir para terra. O dia feio, completava nosso estado de espírito. Mas, ou poucos, imaginando o quanto poderia ter sido pior, fomos nos conformando e, por fim, agradecendo a Deus por não ter tido maiores consequências. Afinal foram 5 toneladas, a 6 nós de velocidade, batendo em algo com 10 toneladas aproximadamente.
O que aconteceu exatamente foi: Nosso primeiro impacto foi amortecido, pois nossa proa passou a uns 50 cm da proa do pesqueiro e, nosso estai de proa pegou no retesado cabo da âncora deles. Por sorte o estai suportou e não partiu, o que poderia derrubar o mastro. Apenas entortou o perfil do enrolador da genoa. Com o amortecimento, o vento de popa, e a guinada que dei no último momento, giramos e o impacto foi entre as bochechas, fazendo rachar uns 50 cm do nosso convés. Com a primeira onda que nos pegou, já com os barcos a contra-bordo, os guarda-mancebos de bombordo entortaram, como se fossem um arame. Nossa sorte foi que, os barcos não se engalharam e rapidamente conseguimos nos separar, pois senão, a cada nova onda, aumentaria muito o estrago.
   
Colocamos a amargura numa gaveta e fomos atracar no píer do Iate Clube. Saímos então para uma caminhada pela orla da Praia de Camburi. Uma extensa orla, com pistas de pedestres e bicicletas. Muita gente fazendo atividade física, e etílica, nos vários bares padronizados da praia.
 
Dá impressão que o capixaba sabe curtir sua bela cidade. Eu e o César elegemos Vitória como a melhor capital para se viver.
 
 
 
Como Floripa, Vitória também é uma ilha ligada ao continente por pontes. Tem muita atividade náutica, principalmente voltada a pesca oceânica, pois aqui na frente há uma verdadeira cadeia de montanhas submersas, que vão até a ilha de Trindade, no meio do Atlântico, e isto a torna o ponto mais piscoso da nossa costa.
 
Lanchas chegam no clube, com enormes atuns, marlins, cavalas, dourados, anchovas, chernes, etc...
 
No final de semana, na Praça dos Namorados, ao lado do Iate Clube, rola uma grande feira de artesanato e gastronomia. Marcamos presença, já nos despedindo de Vitória.
 
Na manhã de domingo, aproveitamos o fim da frente fria, que durou 3 dias, nos despedimos do Sergio, nosso vizinho do veleiro Solares, francês, filho de pais portugueses, que veio navegando sozinho, desde o norte da França. Sozinho não, pois em Cabo Verde, adotou um filhote de gato, o Criolo, que virou tripulante. A dieta do gato são os peixes voadores que caem no convés. Acabamos ficando bastante amigos. O Sergio é engenheiro mecânico e vai tentar trabalho no Rio.
 
Deixamos Vitória, para uma navegada de mais 180 milhas, até Búzios, já no estado do Rio.
 
Neste trecho, passamos o Cabo de São Tomé, que é respeitado pelo baixio que entra mar adentro. Passamos também pela Bacia de Campos, com grande movimento de pesqueiros e navios que ligam as várias plataformas petrolíferas.
 
A lua é cheia e dá o seu show. Não foi uma navegada fácil. Na primeira noite pegamos um verdadeiro dilúvio.
 
A natureza mostrou a sua força, mas também toda a sua exuberância.
 
Chegamos as 5:30 da manhã. Levamos 2 dias menos 6 horas. Pouco depois chegou um navio de turismo. Vamos ter a cidade movimentada.
 
Pegamos uma poita do Iate Clube, que fica na pequena Praia dos Ossos, lugar onde antigamente, depositavam os ossos das baleias, pois aqui se chamava Armação de Búzios, e como toda Armação, local onde processavam as baleias abatidas.
 
A cidade é movida a turismo e pesca. No dia seguinte chegou outro navio de turistas. Acho que Argentino.
 
A noite, saímos para o centrinho. É impressionante o número de barzinhos e restaurantes. A maioria muito ajeitados e charmosos. Búzios faz jus a fama que tem.
 
Saí no dia seguinte, para um passeio, e fiz muitas foto, que bem registram a beleza de suas enseadas, praias e vila. No dia seguinte, saímos de manhãzinha, para uma velejada de 140 milhas, até Ilha Grande, onde devemos aguardar por uma nova frente fria.
 
Dobramos o Cabo Frio, um marco da nossa costa, onde o vento acelera muito e o encontro de águas cria um micro clima úmido e gelado, que justifica o seu nome.
 
Com a aceleração do vento, um trinta réis pega uma carona conosco. Cada vez que um desses vai embora, temos que lavar o painel solar, pois fica todo cagado, o que acaba reduzindo a captação de energia .
 
Depois do cabo, o vento rodou mais para leste, e ficamos num confortável través largo, praticamente sem ondulação. Isto durou até o anoitecer. As 23:00 horas, mudou tudo. Entrou um vento de oeste (contra), e na nossa frente fechou um temporal. Era a antecipação da frente, em 12 horas. Decidimos então entrar na Baía de Guanabara, e ...
 
amanhecemos numa poita do Iate Clube do Rio de Janeiro. Nossos planos de curtir a natureza de Ilha Grande, foi trocado por curtir a cidade do Rio. Também não dá para reclamar não é? Até porque ...
 
o Firulete está no pé da pedra da Urca.
 
Uma caminhada pelos Aterros do Botafogo e do Flamengo, mostram que aqui também tem natureza.
 
Pelo menos até começar o show anunciado. Ivete Sangalo e outros, no lançamento da camisa da seleção brasileira. A julgar pela estrutura montada, o som vai fazer tremer o Rio.
 
Fui até a Marina da Glória, para uma pesquisada nas lojas náuticas. Lá encontrei o Rui Camargo, filho do Marins, o velejador regateiro com quem iniciei meus conhecimentos de vela de oceano.
 
Na volta, apesar do tempo feio, curti um pouco de cidade grande.
 
No dia seguinte, alugamos duas bikes, e fomos pedalar na orla de Copacabana, Ipanena, indo até o final do Leblon.
 
O mar estava de ressaca, mas apesar disto, curtimos uma orla cheia de gente, ...
 
com o trânsito interrompido, numa das vias, para a atividade de pedestres e afins.
 
Na Pedra do Arpoador, rolava um campeonato de surf, e o agito era grande.
 

Na volta, descobri o hotel Othon Rio, onde Renise havia me falado que estavam hospedados dois casais, amigos nossos. Fui lá e tive sorte, encontrei na recepção a Rô e a Grazi. As primeiras catarinas que abraço depois de tanto tempo fora.
 
 
Na 2ª feira deixamos o Rio, mas antes, encontramos no Iate Clube o Tadeu, do veleiro AYA, que conhecemos no Caribe. São daqui e fizeram uma viagem semelhante a nossa. Chegaram a umas duas semanas atrás. Quando nós saímos de Saint Maarten para os Açores, o AYA partiu conosco, mas já no 2º dia perdemos contato, e não nos encontramos mais.
Deixamos o Rio, no fim da tarde e motoramos por toda a noite, pois o vento foi zero.
 
 No amanhecer ancoramos em Ilha Grande, na enseada do Sítio Forte, 64 milhas adiante.
 
 O César não resistiu e nadou até praia, digo mata.
 
 Isto aqui é um verdadeiro paraíso, para quem vive embarcado.
 
Alguns veleiros estavam ali ancorados. Recebemos a visita do vizinho, que por coincidência era lá do Veleiros da Ilha - O Giovane, do veleiro KIRIRI ETE. Está morando aqui, no barco, a mais de 4 meses. Combinamos de, no dia seguinte, ir na praia, tomar uma cerveja e comer peixe frito, num bar-restaurante, com mesas na areia e sob as árvores.
 
Quando chegamos lá, o casal de nativos que tocam o bar, tinham saído de barco, atrás de um atendimento médico. O Giovane, armado de tarrafa, como bom manezinho da ilha que é, ...
em minutos pegou 8 paratis. Fomos para o seu barco e lá os almoçamos. O Giovane é dono de restaurante, em Floripa, e se vira muito bem na cozinha.
 
 Ilha Grande é um lugar perfeito, para quem gosta de mar, mato, trilhas, natureza.
 
Do barco, na paz do fim de tarde, se ouve apenas os pássaros e o rugir dos bugios, que em bandos disputam o território com urros.
 
No amanhecer levantamos ferro e partimos, com pesar de irmos embora dali.
 
 Este litoral do Rio e São Paulo, onde a serra e o mar se encontram, o cenário é magnífico.
 
Foi mais um dia sem vento. Motoramos por 75 milhas, e ...
 
 no fim da tarde, já tínhamos o canal norte de Ilhabela pela proa.
 
Passamos por uns imensos equipamentos sendo rebocados. Provavelmente até as plataformas de petróleo.
Ao anoitecer, estávamos já no canal, com Ilhabela e São Sebastião logo ali. As 20:00 horas, pegamos uma poita do Iate Clube de Ilhabela.
 
 Acordamos com um vizinho, recém chegado.
 
O Iate Clube nos pediu R$111,00 por dia, pela poita, podendo usufruir do clube, que é um dos melhores do Brasil. Como não pretendemos curtir clube, ficou caro. Fomos então para o já nosso conhecido Pindá Iate Clube, com tudo que precisamos e com custo zero. Recebem barcos de outros estados com 7 dias de isenção, e lá fomos muito bem recebidos.
 
Ilhabela é considerada a capital brasileira da vela. Há muitos barcos e muitos eventos náuticos durante o ano.
 
A cidade no verão ferve, mas agora, ainda está muito tranquila. Estamos pelo 3º fim de semana consecutivo, abrigados e esperando a passagem de frente fria. O clima deste novembro está bem atípco. Acho que estamos recebendo a nossa cota de chuva que não tivemos no hemisfério norte. Daqui, nossa última perna é de 290 milhas (550 km), até Florianópolis. Precisamos de uma janela de tempo favorável (sem vento sul), pelo menos nos próximos 3 dias.
 
Entra a frente fria anunciada, mas será de curta duração.
 
No domingo haverá um torneio de pesca oceânica. Este aguarda, armado até os dentes.
 
Aqui um dos clássicos que deve ter a minha idade. Não sei se é por isso, mas acho-os lindos, charmosos, elegantes.
 
No domingo cedo, partimos para nossa última perna de navegação.
 
Seguimos pelo canal entre Ilhabela e São Sebastião, torcendo para encontrar um mar pequeno.
 
Passamos ao lado da Ilha Alcatrazes, enquanto no horizonte, o céu anunciava melhoria no tempo, para o sul. Com o vento, de leste, seguimos rapidamente num traves.
 
No dia seguinte, na altura de Paranaguá, fisgamos um peixe que parecia dos grandes.
 
E era! Um dourado de 1,22m e uns 15 kg. Ainda bem que estamos quase em casa, pois precisaremos de ajuda para come-lo.
 
Além do peixe, tivemos ainda um por do sol esplendido, para registrar o último poente da viagem, e a partir daqui, teremos as 12 próximas horas na escuridão, fazendo nossa última noite de turnos.
 
O amanhecer também foi belo. Tudo parece conspirar para um gran finale.
 
Nossa aproximação de terra já nos mostra os contornos de Santa Catarina, na bela região de Portobelo.
O Cesar curte a lenta aproximação da ilha de Florianópolis, e o gostinho de chegar em casa.
 
Entramos pelo canal da Bahia Norte e um ventinho nordeste aparece, suficiente para abrirmos a genoa e chegarmos com vela em cima.
 
Com as pontes na aproximação, estamos já nos preparativos para a derradeira atracação.
 
E aqui estamos. O Firulete chega em casa, no Veleiros da Ilha, ...
 
que registramos com a foto tradicional das partidas e chegadas.
 
Dez minutos atracado e chega nossa primeira visita. Minha filha Luiza, com o marido André. Chegaram de Criciúma, avisados da nosso aproximação, pelo eficiente Spot.
 
Meu irmão, Evoy, sócio no Firulete, chegou em seguida, com a mulher Samara, para conferir se o barco chegava inteiro. Ali ele ficou sabendo do abalroamento, pois escondemos a má notícia até aqui chegarmos. Pelo sorriso, parece que aceitou bem.
Minha mulher Renise também chegou em seguida, pois conseguiu um substituto para sua aula da noite.
O barco, nesta altura, já estava com nossa muamba toda preparada para o desembarque.
Trouxemos muitas especiarias, principalmente do Marrocos, para presentearmos a todos.
 
Antes de ir para casa, subi no mastro para sacar o estai de proa e o enrolador da genoa, iniciando os consertos necessários para a recuperação.
O Evoy entra de férias na metade de dezembro e planeja subir com o Firula, para Ilha Grande.
E nós, aqui ficamos, para retomarmos a vida que deixamos em terra. A partir deste momento, o Projeto Volta Atlântico, começa a ficar na saudade. Com certeza, será sempre lembrado, como um tempo de realizações e deslumbramentos.
Até um dia, quando retornarmos ao mar!