sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Projeto Volta Atlantico - etapa 4b - Tobago e Grenada

Estamos vivendo o Caribe. Mais especificamente as ilhas de barlavento. Este pedaço do planeta se formou, geologicamente falando, junto com a cadeia andina, na última grande acomodação que definiu continentes e oceanos atuais. Teve sua ocupação inicial por índios saídos da bacia do rio Orinoco - Amapá, que foram ocupando as ilhas progressivamente, navegando com canoas de um pau só. Na sequência foram dominados por um povo menos nômade, que dominava a plantação - basicamente milho e mandioca - que ocuparam o espaço até o fim do século XVIV, quando chegarem os europeus. Esta história se repete, pois foi exatamente o que aconteceu na nossa região litorânea do Brasil (Vide registros no nosso museu do Rincão, antiga igreja, no sul de Santa Catarina).
Bem, mas estamos aqui hoje. Muita coisa aconteceu desde então.
De qualquer forma é sempre bom termos uma referência histórica. Afinal é a única forma de entendermos o nosso contexto. Tudo tem uma explicação, quando usamos um raciocínio lógico, com base nas origens.
No primeiro dia em Story Bay, meus amigos foram para terra, para fazer os primeiros contatos com os "nativos". Eu preferi ficar a bordo, até me certificar que não se tratavam de canibais, (aproveitei para me dedicar ao Firulete - é fundamental tê-lo sob controle).

Guego e Betinho fizeram um passeio com um barco até os recifes ao norte.

Era domingo. Entraram num passeio de "nativos" e se sentiram em casa.

No fim da tarde retornaram e fomos para o almo-janta.

No dia seguinte, segunda feira, dia de batente. Pegamos um ônibus e fomos para o centro, para o visto de entrada, na aduana.

Foi o dia. Na volta, passamos no mercado e fizemos o abastecimento...

principalmente de beer.

Nosso porto tem se mostrado muito confiante e aconchegante...

sem falar na paisagem.

O "nativos" se mostram muito parecidos com os nossos. Os homens fazem festas e as mulheres cuidam dos negócios, da casa, dos filhos. Me pareceu que os homens, na ilha, irradiam uma certa irreverência e as mulheres carregam o piano. Acho que tem a ver com a genética afro, onde prevalece o matriarcado. 

No dia seguinte, saímos para uma excursão na ilha.

que tem um bom serviço de táxi e ônibus  Os automóveis, mesmo particulares, param para transportar as pessoas que estão a esperar. Os carros são atuais, e os preços de aquisição muito acessíveis, em torno de 50% do custo no Brasil. Óleo diesel a R$0,50 e gasolina a R$1,00.

O transporte coletivo é público. Bons ônibus, todos micro, e muitos idosos a bordo, que aliás, também não pagam, acima dos 60 anos.
Fomos para Charloteville, extremo norte da ilha.

Estrada sinuosa, pela orla leste (barlavento) e belos visuais.

Chegamos na vila de pescadores, bastante isolados do resto da ilha. Eles têm autorização para caçar até 2 baleias por ano. Não vimos sinal delas.

Na volta, depois de comermos um roti (pastelão típico da ilha), voltamos no ônibus fazendo a sesta.

Betinho aproveitou para cuidar do visual. Perdeu a oportunidade de fazer um rasta.

No fim da tarde, voltamos para o nosso porto. Fizemos uma janta caprichada e, as 22:00 horas, levantamos ferro e partimos para Grenada, que fica 60 milhas (100 km) ao norte.

No amanhecer, já tínhamos a ilha pela proa. Foi uma noite quase sem vento e fizemos um motor-sail (vela+motor) que já carregou a pleno as baterias.

No sul da ilha, muitas enseadas com muitos veleiros, anunciando um paraíso náutico.

Contornarmos sua ponta sudoeste, onde ocorre uma correnteza de leste para oeste de 2 nós (3,5 km/h), resultado da corrente equatorial, que vem desde a costa da África,...

e seguimos pelo lado sotavendo...

numa excelente velejada de través.

No início da tarde...

estávamos defronte a Saint Georges, capital de Grenada.

Um barco de turismo se preparava para deixar a ilha.

Passamos por uma ancoragem onde estavam uns 30 veleiros abrigados...

mas seguimos para a vila, atraídos pelo belo visual. O Fort George, sobre uma colina, parecia nos vigiar o acesso.

Passamos a poucos metros de um navio que descarregava no pequeno porto que abastece a cidade e...

adentramos no Lagoon, uma baía muito abrigada e profunda, que a cidade envolve.
Que beleza! Parecia que estávamos vivendo um sonho.


No canto do Lagoon, uma imponente marina, coisa de primeiro mundo, guardava veleiros de abonados de todo o mundo.

Na saída do Lagoon, entrava um clássico veleiro de 3 mastros, que lembra o Cisne Branco da Marinha do Brasil. Perfeito com aquele cenário histórico.

Saímos e ancoramos junto aos veleiros, na entrada. Lugar tranquilo. Pegamos o bote e fomos até a marina.

Apesar de não fazermos parte desta elite, saboreamos um chope em grande estilo. O acesso da marina é franco e ali fizemos nosso visto de entrada, na Imigração, acessamos o Wi-Fi, atualizando nossos contatos virtuais, e jantamos.

No amanhecer este era o nosso visual da cidade.

Passou por nós o Marco e seu pai, mulher e três filhos. São de São Paulo, moram num catamaram de 44 pés - o DelPhis, estão a 22 dias em Grenada e nos deram importantes dicas.

Depois do desjejum, fomos novamente de bote até a Marina Port Louis,...

damos mais uma namorada nos barcos - aqui uma veleiro ultra-moderno de aproximadamente 80 pés, com um mastro que calculamos com 30 metros de altura - um prédio de 10 pavimentos) e...

subimos numa torre-mirante, onde registramos o visual de toda a marina.

Dali saímos caminhando pela orla. Ficamos um bom tempo curtindo uma loja náutica bem completa, onde não resistimos e fizemos algumas compras. Seguimos até o Grenada Iate Clube...

onde almoçamos num ambiente sobre um flamboayant e a baía Lagoon. Alí também lavamos e secamos nossas roupas, em máquinas self-service, a um custo de R$8,00.

Depois seguimos pela orla, passamos por pescadores vendendo seus pescados,...

cabines telefônicas no estilo londrino,...

barcos na lida do abastecimento da ilha,...

e prédios atuais que também seguem o estilo britânico.

A cidade preserva bem a sua história...



e pouco são os prédios históricos que não tenham um uso.

Este túnel, do século XIX, ainda cumpre importante função na circulação da cidade...

e por ele transitam harmoniosamente carros e pedestres, e observem, sem nem separação entre o espaço de cada um. A harmonia se dá pelo respeito mútuo.

Atravessamos o túnel e demos no lado oeste da cidade.

Subimos o monte do forte, onde uma igreja ainda guarda vestígios de duas catástrofes recentes.
Na primeira, na década de 70, a ilha se alinhou politicamente com Cuba e foi bombardeada pelos norte-americanos e seu governante foi assassinado. Na segunda, em 2005, o furacão Ivan passou por aqui e provocou grandes estragos. Para terem um ideia  da centena de barcos dentro da Lagoon, só dois restaram flutuando.

O Forte estava fechado para visitação...

mas aproveitamos para fazer boas fotos. Lá embaixo nos aguarda o Firulete...

que conseguimos puxar com o zoom 16x. Está tranquilo.

Nosso bote também pode ser visto na pequena praia que dá para a marina, acorrentado numa amendoeira.

Na volta, Guego não acredita que subimos tudo aquilo, e ainda carregando a sacola da roupa recém lavada, mas afinal esta é a dura vida de turista.

Aproveitamos o resto do fôlego que nos restava e seguimos pela cidade do lado oeste...


onde o fim da tarde impunha um maior agito no ambiente.
Amanhã, com pesar, nos preparamos para seguir para o norte. Esta cidade nos marcará pela sua beleza e charme. A ilha de Carriacou, que também faz parte de Grenada e fica 30 milhas (50 km) para o norte, é nosso próximo porto.
Até!


4 comentários:

  1. Estou adorando acompanhar pelo blog, realmente virou mania. Todos os dias quando ligo o computador a primeira consulta é o blog. O caribe que me espere, breve estarei aí para participar um pouco mais deste teu sonho. Bons ventos. Renise

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  2. Patricia Patinha Campos28 de novembro de 2012 às 11:40

    Muito legal. A Renise me passou o endereço e hoje estu podendo acompanhar esta aventura.

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  3. Marujos, que lugar belo! Caraca! Estou deslumbrada e sem vontade de mto papo. Vou rever as fotos, isto sim.
    Bjo grande e bons ventos
    Sandra

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  4. Rapazes,
    Tenho acompanhado o Firulete desde o início da viagem.
    Tornei-me então um turista e velejador imaginário.
    Obrigado por proporcionarem tamanho prazer.
    Parabéns.
    Que Deus esteja com vocês.
    Alberto Costa

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