sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Projeto Volta Atlântico - etapa 2a - Morando na Bahia

Com a volta do Augusto e do Krebis, as coisas por aqui se acalmaram. A correria nas primeiras 3 semanas para trazê-los até Salvador, contrasta agora com um rítmo baiano que estamos curtindo bastante.
Na etapa 1 fizemos 1320 milhas náuticas. Nesta etapa 2, ficaremos eu e Rodrigo, com um compromisso apenas de estar em Recife no próximo dia 18, e isto significam apenas 320 milhas. Portanto, vamos navegar pouco e curtir as paradas mais intensamente.
Navegar é muito bom, mas morar no barco tem o seu encanto. A rotina é gostosa, os lugares são pitorescos e tem-se a chance de conhecer pessoas bem interessantes.


Aqui reencontramos Miguel, do veleiro Odin´s Toy, que conhecemos em Vitória. Argentino, advogado aposentado, viaja sozinho (quando não está acompanhado) num Beneteau 44 pés. Tem um projeto muito parecido com o nosso de subir para o Caribe e talvez Açores.

Para nos proteger dos constantes pirajás (chuvas passageiras) puxamos por nossa tenda modelo MST.
É um conforto. Convés seco e na sombra.

Ancora na nossa frente um autêntico saveiro. Esta embarcação foi o mais expressivo meio de transporte nestas águas da baía de Todos os Santos antes que o motor tomasse conta da navegação.
É típico do recôncavo baiano, muito grande e elegante...

principalmente quando com sua vela enfunada.

Combinamos com Miguel, participarmos os três da regata Aratú-Maragogipe, e decidimos ir no Odin´s por ser mais confortável.
Saímos do Centro Náutico da Bahía para a marina de Aratú, 15 milhas adentro da baía, na véspera da regata.

Chegamos no fim do dia. O agito de barcos era grande. A enseada tão abrigada que mais parecia um lago.

A noite, depois de uma reunião para as instruções de regata, uma festa de confraternização. Sentamos na mesa com Janjão e sua mulher, amigos já desde o Costa Leste, em 2010.

O dia seguinte amanheceu perfeito e cedo começou o agito pré-regata.

27 milhas de regata. Participaram mais de 100 embarcaçoes a vela...

algumas tradicionais da região. Esta regata é muito famosa, está já na sua 43ª edição e faz parte dos festejos de São Bartolomeu, que é padroeiro de Maragigipe.

 A noite, festa com jantar de encerramento e entrega dos prêmios, mas não para nós claro, que só passeamos.

Depois, saímos pela cidade, muito simples, mas estava em festa. Pegamos um taxi-carroça e subimos a ladeira...

na igreja haveria orações por toda a noite...

mas a festa mesmo rolava era nos fundos da igreja, com show ao vivo e de graça. O povo estava todo lá.

Na manhã seguite, partimos de Maragogipe e...

resolvemos curtir o dia, que estava magnífico.

Subimos mais um pouco o rio Paraguaçú...

e chegamos nas ruínas do Convento de São francisco...

onde ancoramos a poucos metros...

e nos atiramos naquela água, que estava irressistível.

A igreja ainda cumpre sua função. A comunidade estava feliz, pois havia sido aprovada um verba do PAC para o restauro do conjunto, num total de 38 milhões.

Fomos dar uma caminhada até a vila, onde ocorria um comício do 11.

No meio da tarde, aproveitamos a corrente de maré e descemos o rio.

Chegamos em Itaparica já a noite. Ancoramos defronte a marina da ilha e pela manhã fomos para terra.

Passeamos pela orla...

visitamos a Fonte da Bica, que é mineral, cuja água, dizem, "faz mulher velha virar menina".

Voltamos para curtir um pouco a bela marina e...

fomos de bote até a Coroa Rasa, um baixio que na vazante vira dupla praia.

Itaparica é um reduto de viajantes navegadores. Muitos barcos, bandeiras da Alemanha, Austria, Ilha Britânica, Áfica do Sul...

A tarde voltamos para Salvador. Ao passar pela Ponta do Forte da ilha de Itaparica, decidimos que voltaríamos para cá com o Firulete.

Segunda feira, de volta já no Firulete, assumimos a lista de manutenção que é uma constante na vida de embarcado. Rodrigo assumiu os botijões, lixar, pintar e recarregar, eu fui investigar a origem de uma água que tem aparecido nas cavernas do barco.

Miguel recebeu um casal de amigos, argentinos que moram no Uruguai, o Gustavo e a Sandra. Fomos juntos no Cravinho, uma cachaçaria do pelourinho muito badalada.

No dia seguinte fomos ao bairro Calçada, onde se encontram todas as loja de manutenção. Fomos ver um carregador de baterias, pois nosso painel solar não tem dado conta de gelar tanta cerveja.


No dia seguinte partimos para Itaparica. Na saída tivemos que rebocar o Odin´s, até sair da marina, pois está com o motor de arranque em manutenção. A partir dali ele foi na vela.


Saía do porto e passou pela nossa popa, o veleiro-escola da Marinha, o Cisne Branco, com toda sua magnitude. Pena que não estava exibindo o seu velame.

Chegamos em Itaparica em 4 horas de navegação a motor, pois eu precisava dar uma boa carga nas baterias que estavam num nível crítico.

Subi no mastro para resolver um problema no enrolador da genoa e fiz alguma fotos lá de cima (13 metros). Aqui o Firulete, seu bote de apoio e o reflexo do sol que estava a pino...

o Odin´s que estava ancorado do nosso lado...

Miguel, com seu inseparável chimarrão...

e o conjunto de barcos ancorados no abrigo da ilha.

 A tarde, na maré baixa, fomos de bote até a Coroa Rasa...

e lá ficamos até ela ser encoberta.

Lá colhemos berbigão e ostra suficientes para garantir a janta.

Depois fomos para o mangue...

e lá caminhamos numas trilhas.

Que ecosistema rico, quanta diversidade, e como é vulnerável!

Na volta passou por nós um nativo com uma canoa-de-pau-só, a vela, indo colocar coves para siris.
São pratos típicos daqui, moquecas de siri catado, de siri-bóia, de caranguejo e de ostra.

 No fim da tarde fomos para terra com a tripulação do Odin´s. Os dois barcos, na luz do poente, estavam majestosos.

Fomos na padaria...

e passeamos pelo centrinho de Itaparica.

A padaria era muito boa e pela manhã nosso café foi de alto nível.

Depois fomos para a marina para passar o dia na internet e colocar em dia nossos contatos virtuais.
Almoçamos uma moqueca de siri catado. Maravilha.

Da varanda assistimos a rápida formação de um pirajá (chuva localizada), muito comum por aqui...

e uma nave, em alumínio. Deve ter sido projetado pelo Thierry, o mesmo que projetou o Paratii II e o Nanuk. Aliás o Nanuk, que aparece na nossa primeira postagem do blog, quando passamos por Santos e estivemos do lado dele, e ainda esteve no nosso pier, no Cenab, em Salvador. Foi até Recife e lá bateu no dique da entrada do porto e naufragou. Estava inscrito para participar da Refeno. Foi um pecado, pois o barco era uma jóia.

No dia seguinte, Rodrigo foi com Miguel, até Salvador, para buscarem o motor de arranque do Odin´s. Na volta trouxe 4 mini-luminárias de led que instalamos como complemento no Estar-Cozinha. Ficou uma maravilha, além de terem muito baixo consumo.

No dia seguinte, cedo o Odin´s partiu para o Morro de São Paulo, e nós partimos para mais umas incursões pela Baía de Todos os Santos. Isto aqui é muito grande, com muitos recantos, enseadas e vilas. Daria para se passar meses por aqui. Na foto mais uma embarcação nativa a vela.

E aqui, surgindo mais uma unidade de exploração de petróleo.

Passamos por uma pequena ilha com um hotel todo coberto em palha...

pela igreja do Bom Jesus...

e entramos numa enseada muito tranquila, onde pretendíamos pernoitar...

mas ficava de frente para uns navios atracados e assim perdeu seu encanto. Tocamos adiante então.

Passamos por Loreto, uma igrejinha muito charmosa, praticamente dentro d´água...

e seguimos para  o Aratu, passando por algumas paisagens muito tranquilas.

No caminho vimos um nativo mergulhando e Rodrigo resolveu ver se conseguia uma refeição.

O rapaz pegava vieiras mas eram ainda jovens e Rodrigo achou melhor deixá-las crescer.

Passou por nós um troller, um barco tipo pesqueiro mas para lazer, muito bonito.
Chegamos no Aratú Iate Clube já anoitecendo e fomos para terra para mais internet.

No fim da noite, acordei e registrei uma paisagem exuberante. Num pré-amanhecer, o mar totalmente liso, as luzes e os barcos espelhados n´água. Um show inesperado.

No feriado nosso dia foi de lida. Quando saí de Floripa, trouxe os pontaletes dos guarda-mancebos, em aço inox, para trocar pelos originais do barco, que são de alumínio e estão já comprometidos.
Sacamos todos eles, o barco ficou parecendo uma lancha. No sábado continuamos o trabalho e colocamos os novos. Foram dois dias tão intensos que nem tempo para fotos tivemos.
Amanhã cedo (domingo) estaremos partindo para Maceió, aproveitando uma aliviada nos fortes ventos que tem dado por aqui, e assim encerramos mais esta etapa de blog. Vamos deixar Salvador, mas vamos sentir saudades. Acho que este é o melhor lugar, na costa brasileira, para se ter um veleiro.












7 comentários:

  1. Olá Comandante!
    Que bela introdução para esta nova fase do blog. As suas colocações foram perfeitas para transmitir o teu sentimento em relação a este que, provavelmente, é o mais audacioso dos empreendimentos que te lançastes até agora. Não sei se por ser do meio, mas, de cara já me identifiquei com seu comandante e me transportei do Trimado (o barco-irmão) para o Firulete. Continue escrevendo assim, certamente no final desta jornada terás um belo dum livro.
    Foi muito bom abrir o blog e estarem lá o relato e as fotos, ambos formidáveis, de vocês felizes da vida com este primeiro mês da jornada até Salvador. Confesso que, naquela noite de muita chuva e vento sul uivando, fiquei apreensivo com teu telefonema tratando do anodo e me informando que partiriam em poucas horas. Puxa que alívio!!!
    Bom, neste momento, o que eu mais posso desejar a você e aos seus companheiros é que a próxima perna saia tudo dentro dos conformes e vocês aterrem com segurança no próximo porto.
    Bons ventos!
    Continuarei na esteira do Firulete através do blog.
    Luiz Volnei Cordioli

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  2. Tenho acompanhado cada postagem do blog e me acalentado com as belas fotos e comentários. Ser expectadora de uma aventura deste porte, pelo envolvimento emocional, também me sinto na aventura e cada relato é intensamente curtido aqui, em terra. Bons ventos. Renise

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  3. Norberto, na volta poderemos tomar um café no Primus e falar das coisas de Criciúma. Quanto a essa viagem impressionante já entendi... rapaz do céu! Já entendi! Claro que entendi, entendi sim! ENIR CARRADORE

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  4. Queridos velejantes, a Bahia é mesmo incrível, né? Tem uma energia diferente. Adoro esta terra. Achei demais as fotos, as descobertas geográficas, os encontros e reencontros."Interessante o Odin's", Norberto, kkkkk.
    Destaco 3 pontos:
    1- Norberto "passeando" numa regata? Há algo errado acontecendo por aí. Rodrigo, por favor verifique se o verdadeiro Norberto não foi abduzido num destes amanhecer lindos que ele retratou. Pode ser que vc esteja com um avatar que "não compete". kkkkkk
    2- Norverto vc viu se as vieiras era mesmo pequenas? Observe a foto do Rodrigo e o nativo n'água. Acho que o nativo empunhou arma contra o pescador visitante e este pipocou, não? kkkkkkk
    3- Esclareçam uma coisa para mim: o painel solar é pequeno ou a quantidade de cerveja é que tá muito grande? kkkkk
    Bem meninos firuletianos, que bons ventos os levem até Maceió com segurança e que vcs me permitam continuar viajando com vcs.
    Bjo grande
    Sandra Borges

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  5. Nossa, como o Firulete está cheio de tripulantes. Todos querendo pegar carona pelo blog. E eu sou sou uma, não perco um detalhe dessa viagem!
    Gostei da ideia do Luiz Volnei sobre o livro. Afinal, sou uma fã incondicional do teu texto.
    Que pena o que aconteceu com o Nanuk. Cuidado com a chegada em Recife.
    Por aqui, saudades.
    Bons ventos!

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  6. No último feriado estivemos em Floripa e fomos visitar o César, que nos apresentou este belo diário virtual de bordo. Eu e Cinara curtimos as fotos, cardápios, postagens,... continuaremos acompanhando de Porto Alegre, as aventuras destes firuletianos! Boa viagem e grande abraço.

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  7. Ola Norberto.


    Estou acompanhando, mesmo distante. Alias, a diferenca que ha entre a minha situacao e a sua e que tu esta em sombra e agua fresca, e eu, a caminho do deserto, e com rajadas de ventos fortissimas. Ha! outra diferenca: o teclado dos computadores daqui nao tem acentos, til, cedilha e nada da lingua portuguesa.

    Um forte abraco (...nao e abraco e abrasso, KKK).

    Dilvanio

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